Iniciativa funcionaria como escola comum, com disciplinas como matemática e geografia, mas teria Libras como língua principal
Um grupo de Passo Fundo propõe a criação de uma escola bilíngue para estudantes surdos na cidade. A demanda é antiga e foi proposta pelo Núcleo de Estudos sobre Educação de Surdos (NEES), constituído por professores surdos e ouvintes que fazem parte da Associação de Pais e Amigos dos Surdos (Apas).
O projeto prevê uma escola onde a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja a língua de instrução, enquanto o português na modalidade escrita é trabalhada como língua adicional. A iniciativa vai ser apresentada à comunidade e representantes do poder público no sábado (31) (veja o serviço abaixo).
— O objetivo da escola bilíngue é garantir o desenvolvimento da criança surda, considerando a sua identidade linguística e cultural. Para isso, a escola proporciona aprender a Libras como primeira língua e língua portuguesa como segunda — explica Tatiane de Souza, professora e integrante do Núcleo.
Além de matérias regulares como matemática e geografia, o projeto prevê que a grade curricular da escola bilíngue aborde questões culturais do surdo como o Dia Nacional do Surdo e artefatos históricos voltados à identidade. Outro ponto abordado pelos integrantes do NEES é a capacitação dos professores que atuarão no espaço pensado para a escola.
— Tem que ter formação para trabalhar com os surdos. Além de professores ouvintes, a escola precisa de professores surdos. Precisa ter essa referência, essa identificação por parte dos alunos — disse Andréia Mendiola Marcon, professora e integrante do NEES.
Engajamento da comunidade
O encontro do sábado (31) vai abordar a problemática da comunidade surda no Centro de Eventos do Colégio Notre Dame. Lá, o objetivo é apresentar o projeto e, a partir daí, tentar viabilizar a iniciativa.
— A ideia é falar da importância e da necessidade da escola bilíngue. Vamos falar de que forma a escola deve se organizar, como ela precisa ser, metodologia, importância dos pares surdos, entre outros pontos — explica Andréia.
Para a professora e integrante do NEES, Monique Reveilleau, a escola bilíngue deve facilitar a comunicação e interação entre surdos e ouvintes.
— A educação bilíngue garante a comunicação para que os alunos surdos tenham acessibilidade. Valorizar a Libras como primeira língua, respeitar a identidade surda, sem barreiras de comunicação — disse.
A iniciativa tem apoio da Associação de Pais e Amigos dos Surdos (APAS) e a Associação Desportiva e Cultural dos Surdos de Passo Fundo (ADCSPF).
Encontro pela Escola de Educação Bilíngue para Surdos em Passo Fundo
- Quando: sábado (31)
- Onde: Centro de Eventos do Colégio Notre Dame (Sala Multiuso I), Rua Moron, nº 2255 — bairro Centro
- Horário: das 13h30min às 17h.
Fonte: Gauchazh