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Desde que a pandemia levou os alunos para fora das escolas e as aulas passaram a ser online, surgiram dificuldades em diferentes aspectos. Um dos grupos atingidos negativamente foi o dos estudantes com deficiência auditiva, já que muitas videoaulas não trazem legendas nem intérpretes de Libras.

Ao se matricular em um cursinho online, Maria Clara Rosa Meier se viu nessa situação. Ela decidiu, então, fazer um abaixo-assinado para que a empresa de educação digital Descomplica incluísse legendas nas aulas em vídeo. Foram nove meses de mobilização e mais de 80 mil assinaturas. Nesse processo, Maria Clara teve o apoio da Change.org, que hospedou o pedido.

A aluna é surda profunda bilateral. “Eu tenho implante coclear, mas esse aparelho auditivo não é suficiente. Minha forma de ouvir não é 100% igual à dos ouvintes, pois tenho dificuldade para captar alguns sons”, diz a jovem, na descrição da petição online. “O que melhoraria isso seria o uso da legenda [nos vídeos], que a Descomplica não oferece.”

A Change.org leva reivindicações a empresas ou autoridades. O abaixo-assinado online de Maria Clara foi iniciado em setembro de 2020. Em outubro, houve uma ação de pressão no perfil de Facebook da Descomplica. Em seguida, a empresa foi procurada pela equipe da Change.org, e respondeu positivamente.

Em comunicado emitido em outubro de 2020, a plataforma concordou com a reivindicação. “A acessibilidade precisa estar em pauta em todos os espaços. A educação precisa ser acessível para todos e, por isso, agradecemos por se mobilizarem e nos fazerem olhar mais atentamente para essa questão.”

Legendagem em andamento
Em novo contato da Change.org com a empresa, na sexta-feira passada (25), a Descomplica informou que já havia começado a legendar as videoaulas. “A história de Maria Clara me tocou desde o primeiro momento, vi ali um grande potencial e uma luta que não poderia acabar sem um final feliz”, diz Marcelo Ferraz, especialista da Change.org. “Valorizo muito quando empresas entendem e se comprometem a mudar por um bem maior. Ponto para a acessibilidade. Ponto para o ativismo digital”, completa.

A inserção de legendas nos vídeos ainda deve levar um tempo para ser finalizada, mas Maria Clara já celebra a vitória, que deixou não deve apenas melhorar sua condição, como também a de milhares de brasileiros. “Foram mais de 80 mil assinaturas e pressão nas redes sociais. Nosso objetivo foi alcançado!”, comemora. A estudante mora em Niterói (RJ) e passou no vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No mês que vem, ela começa o curso de Letras, com ênfase em Libras.

Essa não é a primeira conquista da Change.org para a causa das pessoas surdas. Em 2019, a entidade hospedou uma petição por recursos de acessibilidade em cinemas. O documento foi assinado por 152 mil pessoas e permitiu que uma família com pais surdos e filhas ouvintes pudesse assistir juntos a uma sessão de um filme da Turma da Mônica.

Fonte: Canaltech

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