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Profissional se destaca em Aracaju e fala ao F5 sobre visibilidade da comunidade surda

Na hora em que Joelma surgiu no palco, com sua energia inconfundível e cabelos esvoaçantes ao som de “Voando pro Pará”, ele já estava lá: de pé, vibrando com cada batida, cada refrão. O tradutor e intérprete de Libras (a Língua Brasileira de Sinais) Adriano Ruan, 32, não fazia parte da banda nem do corpo de balé, mas ocupava o palco com a mesma intensidade da estrela principal.

Ele afirma que não esperava que sua performance no show da artista fosse ganhar tanta repercussão. Morador de Vitória, no Espírito Santo, Adriano atuou na tradução da apresentação da cantora para a comunidade surda durante o Arraiá do Povo, evento realizado na Orla da Atalaia, em Aracaju, entre maio e junho.

“Foi uma emoção muito legal para mim, por já gostar da cantora. É a Joelma, né?”, conta ele ao F5. No palco, Adriano chamou atenção não só pela precisão na tradução das letras, mas pela entrega corporal e pela energia que transmitia, acompanhando cada batida.

Segundo o profissional, o trabalho vai muito além de apenas sinalizar palavras: “No show, você não tem que passar somente a mensagem. Eu tenho que me preocupar com a mensagem, com a energia, com a intensidade que aquela música está passando. A expressão corporal e facial fazem parte da interpretação.”

Adriano integra a equipe de intérpretes contratados pela IPAES, instituto responsável por promover acessibilidade em grandes eventos no estado de Sergipe. No total, foram mais de cem apresentações com tradução simultânea. “A cada três ou quatro músicas a gente trocava de intérprete, e eu fiquei feliz de ter participado justamente do show da Joelma, porque sou fã”, diz.

O momento foi gravado por fãs e viralizou nas redes sociais, levando milhares de pessoas a elogiar seu trabalho. “O mais gratificante foi saber que os surdos que estavam ali também estavam sentindo a mesma vibração. Isso me dá mais motivação para continuar.”

Adriano também é psicólogo e atua com atendimentos para surdos e ouvintes. Para ele, a visibilidade recente é um reflexo de um avanço importante na valorização da Língua Brasileira de Sinais.

“As pessoas estão falando mais sobre Libras, sobre a importância do intérprete, não só como algo estético, mas necessário. Tem uma comunidade surda que precisa receber essa mensagem com a mesma intensidade do show.”

Essa não foi a primeira vez que ele ganhou atenção do público. Em 2024, durante o festival Rock the Mountain, sua tradução de uma música da Anitta também repercutiu. “A letra tinha uma crítica forte e eu trouxe isso na Libras. Algumas pessoas acharam visualmente forte demais, mas a ideia era justamente essa: entregar a mensagem. E foi entregue.”

Fonte: Folha de S. Paulo

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