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Associação de Surdos e Surdas de Presidente Prudente e Região (ASSPP) atua oficialmente há quase 10 anos e oferece cursos gratuitos. Atualmente, 86 famílias são atendidas.

A inclusão é o caminho para garantir acessibilidade no dia a dia, e esse é o trabalho realizado há quase 10 anos pela Associação de Surdos e Surdas de Presidente Prudente e Região (ASSPP). Atualmente, 86 famílias são atendidas pela iniciativa.

Em celebração ao Dia Internacional das Línguas de Sinais, nesta terça-feira (23), o g1 conversou com Mirella Morano, de 36 anos, voluntária da ASSPP desde sua fundação, em 2016.

“Os trabalhos para as pessoas assistidas incluem desde acompanhamento com assistente social e psicólogo, até auxiliando com um(a) intérprete em consultas médicas e hospitais, e também ajudamos a encontrar emprego até em treinamento interno, quando necessário e solicitado pela empresa que tem a pessoa surda na equipe”, disse.

Segundo Mirella, o atendimento da ASSPP também contempla familiares ouvintes de pessoas surdas. “Por exemplo, quando tem uma criança surda, acolhemos e atendemos os pais e irmãos quando necessário.”

Mirella aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda na infância, em contato com três tios surdos. “Os meus tios são oralizados — significa que fazem leitura labial — e, por este motivo, não sou totalmente fluente na língua. Hoje, por ser voluntária da ASSPP e ter convívio com muitas pessoas surdas, ter amigos surdos, acabo tendo mais contato.”

Diferença entre saber Libras e ser intérprete

Segundo Mirella, a diferença entre saber Libras e ser intérprete vai além da formação: envolve conhecimento técnico e domínio da língua.

“Eu, enquanto pessoa ouvinte sobrinha de pessoas surdas, sei Libras o suficiente para me comunicar, para uma conversa informal, mas isso não significa que estou apta para traduzir toda e qualquer informação em qualquer lugar”.

Mirella cita como exemplo o acompanhamento em consultas médicas, que exige do intérprete amplo conhecimento da língua e dos termos técnicos envolvidos.

“O intérprete de Libras precisa estudar constantemente, pois Libras é uma língua viva, ela está sendo atualizada o tempo todo, ou seja, todo dia tem um sinal novo sendo criado”, reforçou.

O intérprete informal pode atuar esporadicamente em eventos como shows e peças de teatro. Já o intérprete formal precisa ter graduação em Letras Libras e pode trabalhar como profissional em empresas.

Libras não é tão difícil

Segundo a voluntária, quem se dedica com constância ao aprendizado dos sinais pode, em cerca de dois anos, atuar como intérprete voluntário em treinamentos. “Assim como já foi feito com algumas de nossas intérpretes”.

“Extrema importância: praticar. Treinar diariamente. Não basta apenas ir lá no curso uma vez na semana e não praticar em casa. Libras, assim como qualquer outra língua, precisa de constância”, reforçou.

Libras não é tão difícil quanto parece. O importante é começar e tentar. As pessoas surdas adoram conversar, mas para isso os ouvintes precisam tentar se comunicar… E fazer mímica não é o mesmo que se comunicar na língua deles”.

Em caso de tradução incorreta, é preciso redobrar a atenção para que os sinais não sejam feitos de forma errada ou fora de contexto, segundo Mirella.

“Existem sinais que podem ser usados em diferentes assuntos, mas o intérprete precisa saber traduzir corretamente dentro daquele contexto”.

Assim como o português, Libras possui sinais regionais, semelhantes a gírias, que podem gerar ruídos na comunicação. “Em alguns casos e locais, tem intérpretes que atuam apenas na política, por exemplo, pois a experiência dele(a) naquela área já é ampla”, destacou a voluntária.

Aprender Libras ou ser voluntário

Atualmente, 30 pessoas atuam como voluntárias fixas na ASSPP, com presença semanal. Em eventos, o número ultrapassa 50 colaboradores. Interessados em se voluntariar podem entrar em contato com a associação.

O curso de Libras da ASSPP é aberto ao público, tanto para ouvintes quanto para pessoas surdas. “Não é necessário ter familiares surdos, basta ter vontade de aprender uma nova língua. Nossas turmas são semestrais, e a próxima terá início em janeiro”, finalizou Mirella.

Para participar do curso, é necessário ter 15 anos ou mais. As inscrições são feitas online e as informações são divulgadas nas redes sociais da ASSPP. Mais detalhes podem ser obtidos pelo WhatsApp (18) 98183-9010.

Censo municipal

A Prefeitura de Presidente Prudente lançou um Censo da Pessoa com Deficiência (PcD), disponível até 31 de dezembro, para mapear o perfil da população com deficiência no município, considerando gênero, tipo de deficiência e outras características.

Segundo a prefeitura, a participação da comunidade é essencial para desenvolver políticas públicas mais inclusivas e alinhadas às necessidades reais. O questionário pode ser respondido online, pelo site.

Fonte: G1

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