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A temporada de shows nacionais gratuitos do Verão Maior Paraná começou no último dia 10 e segue até 22 de fevereiro, prometendo movimentar as praias do Litoral.

Ao todo, 33 apresentações com 28 artistas e bandas serão realizadas, com a expectativa de atrair mais de 1 milhão de pessoas. O evento, promovido pelo Governo do Estado, inclui áreas reservadas para pessoas com deficiência (PcDs), garantindo boa visibilidade e acesso facilitado.

Contudo, apesar das iniciativas, a ausência de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) gerou insatisfação na comunidade surda local, que denuncia, à Ilha do Mel FM, a falta de acessibilidade comunicacional como uma forma de exclusão.

Emanuelle Aguiar, presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Matinhos, ressaltou que a situação já foi comunicada aos organizadores. Entramos em contato com diversos organizadores do evento solicitando a presença de intérpretes de Libras. Entretanto, a resposta recorrente era de que, por se tratar de um ‘show de grande porte’, não haveria a possibilidade de disponibilizar tais profissionais. Essa justificativa, além de frustrar o direito à acessibilidade, fere diretamente a legislação federal, estadual e municipal, destacou Emanuelle, que formalizou a denúncia em ofício enviado ao Governo do Estado.

A legislação brasileira, incluindo a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e o Decreto nº 5.626/2005, assegura o direito de acessibilidade comunicacional a pessoas surdas em eventos públicos. No Paraná, a Lei Estadual nº 18.419/2015 reforça essa obrigatoriedade, enquanto normativas municipais de Matinhos demandam intérpretes de Libras em eventos oficiais, como os promovidos pelo Verão Maior.

Reconhecimento do problema

Em entrevista à Ilha do Mel FM, Moisés Batista, coordenador de Paradesporto do Governo do Estado, admitiu o atraso no cumprimento dessas exigências. A interpretação de Libras na arte vai além da tradução de palavras. Trata-se de transmitir sensações, o que exige profissionais especializados. Estamos atrasados, mas no próximo verão estaremos preparados e essa será a cereja do bolo, prometeu.

Ele afirmou que o governo está se aproximando de intérpretes locais para iniciar o processo de inclusão nos eventos futuros. Não é apenas uma questão técnica. Queremos garantir que a interpretação complemente a experiência artística, completou Batista.

A comunidade surda tem se mobilizado nas redes sociais, compartilhando depoimentos que destacam o impacto negativo da ausência de intérpretes. Comparações com eventos como Rock in Rio, Lollapalooza e Virada Cultural de Curitiba demonstram que, apesar dos desafios logísticos e financeiros, é possível incluir esses profissionais em eventos de grande porte.

Se festivais nacionais conseguem garantir acessibilidade para todos, por que o Verão Maior não pode?, questionou Emanuelle Aguiar, que também mencionou eventos locais menores, como os shows municipais de Matinhos e Paranaguá, que já contam com intérpretes de Libras.

Diante da situação, o Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Matinhos protocolou um pedido formal ao Ministério Público, solicitando fiscalização e ações para garantir o cumprimento da legislação. “Estamos falando de inclusão e cidadania. A ausência de intérpretes perpetua barreiras que deveriam ter sido eliminadas há tempos“, concluiu Emanuelle Aguiar.

“Estamos atrasados, mas no próximo verão estaremos preparados e essa será a cereja do bolo”, prometeu Moisés Batista, coordenador de Paradesporto do Governo do Estado.

Fonte: Ilha do Mel

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