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Thaiza Ramily Silva Diniz é aluna de Gestão Hospitalar da Fatec de Bauru (SP) e decidiu produzir o material após conhecer a Larissa, de 11 anos, que acompanhava os pais, surdos, durante consultas médicas.

O Brasil é um país bilíngue. Segundo a Lei nº 10.436 de 2022, o brasileiro se comunica oficialmente em dois idiomas: o Português e a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A lei pode até garantir, mas é cada vez mais difícil encontrar pessoas alfabetizadas em Libras ou que saibam ao menos se comunicar de forma básica com a população surda e/ou muda do país, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, somam 10 milhões de brasileiros.

Foi diante desse cenário que uma aluna de Gestão Hospitalar da Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Bauru (SP) desenvolveu um Manual do Primeiro Atendimento em Libras.

Thaiza Ramily Silva Diniz, de 31 anos, desenvolveu o material após conhecer uma garota de 11 anos com pais surdos. A Larissa desde muito nova sempre foi responsável por auxiliar os pais nas conversas com pessoas ouvintes.

“Quando eu conheci a Larissa me encantei por ela, tão nova já realizava um papel muito importante que era fazer a tradução para os pais que são deficientes auditivos. Como aluna de Gestão Hospitalar passei a observar a ausência de um profissional que saiba Libras em pronto atendimentos, emergências, postos de saúde e em consultas eletivas.” conta a estudante.

Em entrevista ao g1, a menina contou que o cenário analisado por Thaiza refletia nada mais que sua realidade. Segundo Larissa, ela nem se lembra da última vez que foi a algum lugar com os pais que tivesse acessibilidade em Libras.

“Não me lembro de nenhum lugar que fomos e havia um atendimento capaz de entender Libras. Teve uma vez que minha mãe estava doente e eu tive que sair mais cedo da escola para ir ajudá-la a se comunicar com o médico, porque eles não se entendiam. Ela saiu da consulta, foi me buscar na escola mais cedo, e voltamos para continuar a consulta” lembra Larissa.

A cartilha desenvolvida por Thaiza traz desde conceitos básicos, como o abecedário e saudações, até termos um pouco mais técnicos do ambiente hospitalar e atividades.

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também em entrevista ao g1, a professora da Fatec Graziella Ribeiro Soares Moura contou que a cartilha tem uma grande importância na sociedade, mas muito maior no ambiente hospitalar, onde a população surda e muda não tem amplo respaldo.

“Arrisco dizer que cerca de 90% dos profissionais não sabem como conversar com pessoas deficientes auditivas. Por isso é tão importante capacitar os profissionais. Um profissional capacitado tem as competências para atender uma pessoa com deficiência auditiva da mesma forma que atende uma pessoa sem deficiência. Atendimento igualitário é uma forma de inclusão.”, explica a professora.

As perspectivas após a criação do manual já são positivas. A professora Graziella incluiu os manuais em suas aulas do curso de Gestão Hospitalar e Thaiza realiza um próspero trabalho de divulgação de seu trabalho nas redes sociais.

“Tenho feito postagens nas redes sociais junto a FATEC e agora o manual está disponível no site da Fatec Bauru de maneira gratuita. O próximo passo é tornar o projeto real e efetivo, implantar o conhecimento em Libras em estabelecimentos de saúde sejam eles privados ou públicos, promover a conscientização e capacitação para os profissionais da saúde.”, finaliza a estudante.

Fonte: G1

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