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Obter maior apoio, patrocínio e oportunidades são aspirações da presidente da Confederação Brasileira de Surdos (CBDS), a paranaense Diana Kyosen.

No que concorda o maior medalhista nacional da Surdolimpíadas, o nadador santista Guilherme Maia Kabbach, de 33 anos (sete medalhas em todas as participações desde 2009 em Taipei). Além de dirigente, Kyosen, que ocupa o cargo desde 2020, traz na bagagem a experiência como aleta de futsal da seleção brasileira de surdos vice-campeã mundial (2015), em Bangkok [Tailândia].

As constatações de ambos foram ampliadas após a realização da 24ª edição da Summer Deaflympic (nome adotado pela Surdolímpíadas desde 2001), em Caxias do Sul no Rio Grande do Sul. Maia, que é recordista mundial, conquistou dois bronzes nos 100 e 200 metros livres. Esta é a primeira vez em um século que o evento é realizado na América Latina. Trata-se de jogos com chancela do Comitê Olímpico Internacional. E organizado também pelo Comitê Internacional de Desportos para Surdos (ICSD).

Eles acontecem desde 1924 (Paris) e só não são mais antigos que os Jogos Olímpicos. A megacompetição teve cerca de quatro mil atletas e presença de 73 países sendo o Brasil com maior número de participantes (110 homens e 79 mulheres). A delegação nacional finalizou a disputa na 44ª colocação e superou o desempenho de 2017 na Turquia. Levou seis bronzes (judô feminimo, no handebol feminino e na natação). Dentre 17 modalidades no masculino e 14 no feminino. E apresentou como curiosidade no encontro a modalidade Orientação. O maior vencedor das Surdolímpíadas em maio foi a Ucrânia com 62 medalhas de ouro, 38 de prata e 38 de bronze. Nação que sofre momento doloroso na guerra envolvendo a Rússia.

Segundo Kyosen, o balanço que fez pós-evento foi importante em duas frentes pontuais. A primeira em relação a exercer inclusão das pessoas surdas que se comunicam por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Já aos desportistas, a visibilidade permitiu mostrar a potência de competidores como grande marco e merecedores de maior atenção. Iniciativas como esta e outras são necessárias para dar suporte aos envolvidos e é importante patrocínio. Em sua gestão descreve a conquista de apoio através das Loterias Caixa, mas, além disso, ter criado escolinhas de esportes. Fator fundamental de desenvolvimento de crianças e jovens surdos.

Com olhar voltado à próxima participação brazuca nas Surdolímpíadas do Japão em 2025, a presidente da CBDS luta para conseguir a aprovação de PL (Projeto de Lei) garantindo o bolsa-atleta aos competidores, que segunda ela a maior parte não possui recursos, precisa trabalhar e treina nas horas vagas.

Audiometria
Para as Surdolímpiadasos atletas precisam ser submetidos à audiometria (exame simples para avaliação básica da audição). Ele comprovará perda auditiva acima de 55 decibéis nos dois ouvidos. É desautorizado uso de aparelhos auditivos e implantes cocleares nas provas e competições.

Quanto às regras das modalidades são as mesmas usadas aos sem deficiência. E com adaptações. Por exemplo: substituir a sinalização auditiva por visual. Ela é feita através de bandeiras e que são levantadas pelos árbitros nos instantes de marcação das disputas. No futebol, o juiz principal utiliza uma bandeirinha, a mesma adotada por seus auxiliares.

Orientação
A mais curiosa das modalidades foi inserida nos jogos de Copenhague, a capital dinamarquesa em 1997. Bora explicar então: tome como logística bussola e mapa. É que os competidores navegam de forma independente seja em ambiente urbano ou rural. Individualmente, o atleta tem como objetivo percorrer determinada distância em terreno diverso e sem conhecê-lo. É obrigado passar por locais selecionados, nomeados “pontos de controle”. Eles constarão do mapa distribuído previamente. A mecânica da disputa explica que o competidor terá de visitar, no menor tempo possível, os “pontos de controle” e chegar ao final do percurso. Além de concentração, prepare-se para boa disposição física ou esqueça o êxito. Outro detalhe: o praticante conduz ainda um cartão eletrônico que registrará a passagem no local determinado. Nesta edição foram seis provas: três em perímetro urbano (sprint, revezamento sprint misto (dois homens e duas mulheres) e o supersprint (revezamento de um homem e uma mulher. Eles percorrem três pequenos percursos de até 1 km)). E outras três provas na floresta: médio, longo e revezamento (três pessoas). As distâncias variam entre 3 km (sprint) e 13 km (floresta). Os vencedores na modalidade sprint individual foram os ucranianos, com tempos de 21min45seg, no masculino, e de 21min59seg, no feminino

A seguir mais do atleta Guilherme Maia, que é fã do nadador Michael Phelps, e formado em Educação Física. O norte-americano é o maior medalhista olímpico com 28 conquistas.

Como você avalia o tratamento e a relação com a pessoa surda? Há conscientização e entendimento desta condição de quem não é?
Acho que existe mesmo uma dificuldade do ouvinte com nós surdos. Mas nada que a calma não resolva . Acho que não existe preconceito e sim dificuldade entre as línguas. Após a Deaflympic, se o nosso governo apoiar a visibilidade do surdo atleta irá ganhar margem maior de pódios.

Qual a importância da Libras pra sua comunicação?
Eu aprendi Libras na adolescência. Minha família foi orientada a não fazer, pois eu não seria oralizado. Ajuda-me muito porque a maioria das pessoas não são oralizadas. E nas viagens é de extrema importância, principalmente nos deslocamentos internacionais {surdo oralizado são congênitos ou adquiridos que utilizam qualquer língua oral, orofacial ou leitura labial. A denominação abrange quem consegue articular a fala e capaz de ler e escrever com maior correção que aquela que utiliza apenas a língua de sinais. Há ainda os ensurdecidos e surdos da terceira idade}.

Qual sua visão como atleta no Brasil?
Me vejo como atleta de muita superação e também como exemplo para as crianças surdas nunca desistirem dos seus sonhos. [Sua surdez foi descoberta quando tinha um ano e 10 meses de idade].

Fonte: Yahoo! Esportes

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