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Carlos Henrique, de 8 anos, estava em parque aquático quando foi abordado por ator.

Há algumas semanas, Carlos Henrique, de 8 anos, estava com a família em um parque aquático de São Paulo quando foi surpreendido por um palhaço que, ao notar sua surdez, começou a brincar com ele na Língua Brasileira de SinaisLibras. O cuidado, que segundo a mãe do menino é bastante raro, encheu o menino e sua família de alegria.

“Dificilmente conseguimos achar algum evento com recreadores que consigam interagir com ele. Ficamos muito felizes. Ele se animou, brincaram sobre não ter medo da altura do brinquedo, foi muito legal. Senti que o mundo ainda pode mudar, pode ser melhor”, conta à CRESCER a mãe de Carlos, a professora Gilsinha Moura.

O palhaço de olhar atento era o ator e produtor cultural Victor Soriano, de 27 anos, que havia sido contratado para atuar no parque aquático Wet’n Wild, em Itupeva (SP). “Eu estava de máscara, e quando comecei a falar com ele a mãe me avisou que ele era surdo, não conseguia ler meus lábios. Ergui as mangas da minha fantasia para facilitar a visualização dele e quando comecei a fazer os sinais, ele arregalou os olhos, surpreso. Trabalho com interações desse tipo há 11 anos e, sem dúvida alguma, esse foi um dos episódios que mais me marcou. Acredito que esse é o papel da arte: ajudar as pessoas a criarem memória”, diz o ator.

Victor conta que aprendeu Libras em sua atuação no Itaú Cultural, e usa a Língua com frequência para falar com integrantes da sua equipe que são surdos. Depois do episódio, o ator postou o vídeo da conversa nas redes sociais em busca da família. O vídeo teve mais de 3 mil visualizações.

“Eu fiz o post porque fiquei muito emocionado com a situação que tínhamos vivenciado. De pensar na memória afetiva. E queria dizer que ele também me marcou. Isso é inclusão”, afirma.

Recomeço e inclusão
Carlos Henrique perdeu a audição com 2 anos e meio. “Na época não houve uma investigação da causa, mas suspeita-se que tenha sido por causa de um vírus. Uma noite, de repente, ele não conseguia andar. Levamos ao hospital e o médico nos mandou voltar para casa e apenas observar. No mesmo dia ele retomou os movimentos, mas seis meses depois começou a perder a audição”, lembra a mãe do menino.

Há cerca de 4 anos, o menino passou por um implante coclear, mas a reabilitação da fala pode levar tempo e depende do desejo do menino. “Na época da perda da audição, nossa meta era fazê-lo voltar a ouvir. Foi muito difícil, um chacoalhão. Passado o luto, nossa luta agora é para que ele tenha todas as possibilidades de que precisar. Mudamos de casa, de vida, fomos aprender Libras, e hoje em uma escola especial percebemos que ele se encontrou! Não tem nenhuma dificuldade de relacionamentos nem de aprendizado, é um menino divertido, desinibido, que sonha em ser artista. Se a gente pergunta se ele quer voltar a ouvir, ele diz que não. Se identificou muito com a Língua de Sinais. Meu sonho é só que todas as escolas tenham Libras como uma disciplina. Seria muito importante para a inclusão”, defende.

Fonte: Revista Crescer

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