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Intérpretes de Libras e surdos cobraram a presença de profissionais da área em lives. Lei prevê a acessibilidade em eventos.

Além do repertório de cada artista, o cenário, o figurino e a produção, todas as lives com show contam com a participação especial de um intérprete de línguas, visando a inclusão de deficientes auditivos na nova forma de fazer apresentações em meio à pandemia do coronavírus. Nessa última semana, porém, duas transmissões ao vivo de grandes nomes da música fugiram a regra e geraram críticas na comunidade de surdos e de intérpretes de Libras.

O shows de Wesley Safadão e Luan Santana, no sábado (20/6), e Luísa Sonza, na terça-feira (16/6), não tiveram a participação de nenhum profissional da área. Assim, pessoas da comunidade surda foram excluídas das lives. A medida, inclusive, contraria o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que no artigo 42, garante o acesso dessa comunidade “a programas de televisão, cinema, teatro e outras atividades culturais e desportivas em formato acessível”.

O assunto logo tomou conta das redes sociais e intérpretes se pronunciaram, principalmente, pela falta de inclusão e empatia com os surdos. A intérprete Fernanda Silva, por exemplo, publicou em sua conta um vídeo afirmando que a comunidade surda está sendo excluída dos shows ao vivo.

Segundo estimativa da Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais (Febrapils), no Brasil, há 10 milhões de surdos.

“Existe a lei da acessibilidade e nós precisamos obedecer ela. E o surdo não precisa assistir a live de vocês? Sabe porque vocês pensam assim? Porque não é o filho de vocês que precisa de intérprete, não precisa de acessibilidade”, disparou a pedagoga.


Já o influencer surdo Gabriel Isaac também publicou vídeos em sua conta no Instagram repudiando o fato das transmissões não contarem com a participação de intérpretes. “Ontem teve a live do Wesley Safadão + Luan Santana e não colocaram janela de intérprete de Libras. Precisamos ficar atentos, se não fizermos esse barulho de cobrança, vão continuar fazendo sem janelas”, disse o jovem.

Outro lado
Ao Metrópoles, a assessoria de imprensa da cantora Luísa Sonza informou que a produção da live ficou a cargo da empresa BeApp. “Na primeira live da Luísa, que foi feita pela equipe dela, a transmissão contou com intérpretes de Libras”, justificaram.

A assessoria de Wesley Safadão respondeu ao Metrópoles: “Temos total respeito pela comunidade surda, tanto que fomos um dos primeiros artistas a inserir tradutor de Libras em shows, ainda muito antes desta pandemia. Sempre quando o local nos oferece estrutura e, especialmente, quando existe transmissão. Sobre esta [live] em específico, devido ao local ser muito afastado, infelizmente, não iríamos conseguir incluir com qualidade. A decisão foi tomada em comum acordo entre as produções. Também ficamos muito chateados, sendo que nas últimas lives do Wesley foi inserido o tradutor”.

Fonte: Metrópoles

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