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Evento ocorreu hoje na Câmara de Vereadores da Capital

MATO GROSSO DO SUL – A necessidade de contar com presença de mais intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) nos espaços públicos, como hospitais e delegacias, e melhorar o acesso à educação, desde a infância até a universidade, foram alguns dos tópicos debatidos na manhã desta segunda-feira, 07 de junho, no l Fórum de Políticas Públicas para Pessoas Surdas, promovido pela Câmara Municipal de Campo Grande. As palestras e depoimentos foram transmitidos on-line, pelas redes sociais da Casa de Leis, para evitar aglomerações por conta da pandemia de Covid-19.

Representantes de entidades relataram as dificuldades enfrentadas, conquistas e os desafios existentes para romper várias barreiras para acessibilidade. O Fórum foi proposto por iniciativa do Vereador Silvio Pitu, presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade da Câmara Municipal, e contou com tradução simultânea de intérpretes de Libras.

O presidente da AFAPS/MS (Associação de Família, amigos, profissionais e pessoas surdas), Dr. Adriano de Oliveira Gianotto, agradeceu o destaque dado à pessoa surda pela Câmara e as propostas apresentadas e debatidas em parceria.

“Na delegacia, se somos multados, não temos acesso à comunicação. Cadê as propostas onde há interprete na delegacia? Como vamos exigir algo? Os surdos precisam ampliar áreas de atendimento em outros setores”, afirmou o presidente da Associação de Família, amigos, profissionais e pessoas surdas, Adriano Gianotto.

O vereador Silvio Pitu já protocolou na Casa de Leis projeto que institui o Dia Nacional do Tradutor e Interprete, além da proposta para inclusão dos programas de Libras nos componentes curriculares da Rede Municipal de Ensino. “Há possibilidade, vi muito entusiasmo nas falas. Temos que lutar, trabalhar. Vou lutar para que a gente possa ver as crianças não saírem no recreio e não poderem conversar com as outras porque não conhecem Libras”, destacou, sobre a necessidade de ensinar os demais alunos.

A secretária municipal de Educação, Elza Fernandes, ressaltou que a gestão atual tem dado importância aos debates e inclusão, por meio da Subsecretaria de Pessoas com Deficiência e da importância do intérprete de Libras. “Temos o intérprete em sala de aula para os alunos e oferecemos cursos de Libras na Secretaria de Educação para qualquer pessoa que tenha interesse”, disse.

Neste ano, a Secretaria está atendendo 89 alunos com surdez e 46 com deficiência auditiva, os quais contam com apoio do tradutor nas aulas e no contraturno com a sala de recursos multifuncionais, com atendimento especializado para surdos em duas escolas. Diante de dificuldades constatadas na alfabetização, a Secretaria passou a exigir profissionais para intérprete que contassem com graduação com Licenciatura Plena e pós-graduação em Educação Especial. “Entendemos que não basta interpretar, são necessários técnicas e métodos pedagógicos para auxiliar alunos. O interprete é mediador, tem que fazer com excelência e verificar se o aluno está compreendendo”, ressaltou Lizabete Coutinho de Lucca, chefe da Divisão de Educação Especial da Semed.

Há ainda avaliação de uma banca específica para verificar se o profissional está apto. Ela destacou também o Projeto Libras na Escola, em que profissional ensina a Língua Brasileira de Sinais a todos os alunos na sala, professores e profissionais, além de sinalizar cartazes. Já o curso de Libras ofertado pela Semed tem duração de 5 anos. Na pandemia, toda a programação exibida na TV Reme conta com intérpretes. Ela destacou ainda que está em fase de discussão a implantação da escola bilíngue.

Acesso – Para Renato Borges Daniel, presidente da ASPCG (Associação Pantanal dos Surdos de Campo Grande), não há equidade e se houver oportunidade de acesso por Libras, a pessoa surda vai obter suas conquistas. A entidade surgiu em 2009 a partir da necessidade de inclusão no esporte. “Em 2019 mudamos nome da Associação, pois não era questão apenas de esporte, mas de luta por direitos maiores. Desde a educação até outras áreas”, afirmou, salientando a importância de colocar Libras em evidência.

Estar nos espaços públicos reivindicando que os direitos sejam garantidos é fundamental para obter conquistas, avalia a Drª Rita de Cássia Fuentes Luz Suenaga, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, de Mato Grosso do Sul). “Fico triste quando buscamos um direito que é nosso, mas nos dão as costas”. Ela citou a importância da empatia para mudanças efetivas na sociedade e a participação das pessoas com deficiência nas discussões para que as mudanças possam realmente atendê-las.

A abertura do evento contou com o vereador Carlos Augusto Borges, Carlão, presidente da Casa de Leis, do secretário estadual de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, que salientaram a importância de debater esse assunto e ampliar as políticas públicas. Durante o evento, o vereador Prof. André Luís, integrante da Comissão de Acessibilidade, ressaltou que a comunidade surda precisa ter amplo acesso à Câmara para debater as soluções as suas demandas específicas.

O Fórum contou com a tradução dos intérpretes deLibras Keila Vilanova Valerio de Lima, Jessika da Silva Garcia, Juveirce Christiane Medeiros Ramos Condi e Valdir Balbueno. A transmissão ao vivo fica disponível no canal da Câmara no Youtube https://www.youtube.com/camaramunicipalcg.

Fonte: Diário Digital

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