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MP-AC recebeu denúncia alertando sobre a falta de intérprete e tradução nos pronunciamentos oficiais no Acre.

Os pronunciamentos oficiais da Prefeitura de Rio Branco e do governo do Acre, principalmente sobre a pandemia de Covid-19, devem ter tradução para Língua Brasileira de Sinais (Libras). O Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou um procedimento para apurar a falta de tradução após receber denúncias na ouvidoria geral do órgão.

A Prefeitura de Rio Branco garantiu que os vídeos informativos sobre a quarentena já tinham intérpretes de Libras antes do pedido do MP-AC.

A porta-voz do governo, Mirla Miranda, explicou que dos 17 pronunciamentos do governador Gladson Cameli sobre o novo coronavírus apenas três não têm intérpretes e nem legendas.

No pedido, o MP-AC destacou que a presença do intérprete nos pronunciamentos são essenciais para garantir a inclusão e interação das pessoas com deficiência auditiva. Sem isso, essas pessoas ficam limitadas em relação às informações e comunicação.

“É importante que como cidadãos brasileiros e como país é diverso, temos mais de 40 milhões de pessoas com deficiências e uma grande parte delas é usuária da Língua de Sinais Brasileira, então, não tem como saber o que está acontecendo sem a Língua de Sinais”, disse a presidente da Associação dos Profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras do Acre, Cristiane Nogueira.

O Instituto Federal do Acre (Ifac) tem um projeto que faz a tradução da linguagem de sinais de forma remota, ou seja, por vídeo chamada. O projeto é para ajudar no atendimento de pessoas surdas com sintomas de Covid-19 no estado.

Acessibilidade
Cristiane disse que a medida ajuda também quem não tem acesso à língua portuguesa. Isso porque, segundo ela, nem todos os deficientes auditivos são alfabetizados e tiveram oportunidade de ir para escola, mas sabem se comunicar por sinais.

“Tem aquele senhorzinho que mora às margens do rio, que não tem estudo, não foi para a escola e não teve acesso à escrita, mas sabe se comunicar. Então, quando se leva a informação nesse momento de pandemia, que é de risco, de distanciamento, é um conforto para ele” frisou.

A presidente reforçou ainda que os deficientes auditivos reclamavam bastante quando saía um pronunciamento oficial em uma rede social sem a tradução para Libras.

“Se fazem essas adequações é porque caímos muito em cima. Quando sai um pronunciamento do governador ou da prefeita em uma rede social, eles [deficientes] procuram logo os intérpretes. Enchem de perguntas, falam que não respeitam eles. Estou muito feliz com a forma que acharam para incluir todos”, concluiu.

Fonte: G1

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