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Jennifer Lizz, de 22 anos, diz ter se emocionado por poder representar deficientes em concurso.

Natural de Poconé (a 104 km de Cuiabá), a transformista Jennifer Lizz, de 22 anos, foi a terceira colocada na 39º edição do Miss Gay Brasil, que aconteceu no dia 17 deste mês, em Juiz de Fora (MG).

O concurso de beleza existe desde 1979, mas Jennifer foi a primeira candidata surda a participar. A jovem afirma que, no momento em que subiu no palco, levou uma lição para a sociedade: “Olhar com carinho para os deficientes”.

Em entrevista ao MidiaNews, ela relata diz que uma das maiores emoções para ela foi receber aplausos em libras das plateia, que chegou a ficar de pé quando a transformista apareceu vestida de Nossa Senhora Imaculada Conceição do Pantanal, santa que protege a fauna, flora e os minérios naturai, em uma das etapas do desfile, quando as candidatas vestem trajes típicos de seus estados.

Jennifer nasceu surda e a deficiência foi percebida pelos pais enquanto ela frequentava a escola. A surdez, inclusive, foi um dos receios da jovem em participar de um dos maiores concursos LGBTI+. Porém, a vontade de discutir a temática fez com que ela não desistisse.

Hoje, vejo que não é somente uma peruca linda e uma boa maquiagem. Com a minha participação no Miss Gay Brasil levei inclusão, além de representar o meu estado
“Minha família foi descobrindo a surdez junto à escola, conforme fui crescendo. Muitos não entendiam e não sabiam lidar com a minha deficiência. Com o tempo fui me adaptando”, diz.

Com 17 anos, Jennifer se “montou” pela primeira vez, termo usado para se referir ao processo de transformação. Ela afirma que foi “amor à primeira vista”, porém, por baixo dos trajes deslubrantes e maquiagens impecáveis, a maior preocupação da jovem foi garantir representatividade a todos os deficientes do Brasil.

“Hoje, vejo que não é somente uma peruca linda e uma boa maquiagem. Com a minha participação no Miss Gay Brasil levei inclusão, além de representar o meu Estado”, conta.

Jennifer se assumiu para a família com 16 anos e, apesar e já ter sofrido com o preconceito da sociedade, diz que o concurso fez com que ela fosse acolhida ainda mais pelo meio LGBTI+, fato que a deixou “extremamente emocionada”.

Quando não está “montada”, Jennifer trabalha como estoquista de um mercado em Poconé, além de também atender como manicure.

Depois de conquistar o terceiro lugar no Miss Gay Brasil 2019, a vida da jovem teve algumas mudanças, mas ela afirma que pretende continuar tentando ser a primeira Miss Gay Brasil surda.

“Planejo viver sorrindo, recebendo carinho das pessoas e me estruturar cada vez mais, em todos os sentidos. Cheguei no Miss Gay Brasil com apoio e amor de muitas pessoas. Sou muito feliz por isso”, afirma.

Falar com as mãos

O sistema de libras brasileiro é derivado da língua de sinais que se desenvolveu ao longo dos anos no país e também da língua gestual francesa. Por isso, tem semelhanças com línguas de sinais da Europa e da América.

A libras foi oficialmente reconhecida como uma língua brasileira em 2002, na Lei nº 10.436, de 24 de abril. O projeto da então senadora Benedita da Silva (PT-RJ) foi aprovado no Congresso e sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

O decreto que regulamenta seu uso nos serviços públicos foi assinado em 2005 pelo então presidente Lula (PT). Ele cria regras para o atendimento de deficientes auditivos na educação e saúde federais, entre outros serviços.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,7 milhões de brasileiros são surdos ou possuem deficiência auditiva. Apesar disso, ainda faltam pessoas que estão aptas para se comunicar em libras no país.

Jennifer afirma que sua maior dificultade é encontrar pessoas que falem libras, principalmente em estabelecimentos comerciais.

“É muito difícil, quando estou em algum lugar querendo comprar algo ou expressar alguma coisa, e não há pessoas que entendam a linguagem de sinais”, desabafa.

Fonte: https://www.midianews.com.br/cotidiano/candidata-surda-de-mt-termina-em-3-lugar-e-celebra-inclusao/357973

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