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Segundo o censo de 2010 do IBGE, 9,7 milhões de brasileiros têm deficiência auditiva.

RIO DE JANEIRO – O uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi evidenciado em âmbito nacional no último mês. A mensagem de paz projetada na estátua do Cristo Redentor no réveillon carioca é um exemplo desse destaque. Os discursos da primeira-dama Michelle Bolsonaro também chamam a atenção para a exposição do idioma e da acessibilidade para a população surda.

Segundo o censo de 2010 do IBGE, 9,7 milhões de brasileiros têm deficiência auditiva. Destes, cerca de um milhão são jovens até 19 anos.

Para Helena Moura, professora de literatura e intérprete de Libras, o desafio da acessibilidade é complexo, mas a disseminação do idioma é um caminho para avançar.

—Quanto mais pessoas estiverem habilitadas na língua, menos desigualdade e dificuldades de acesso teremos para a população surda. Acredito que a expansão da oferta de ensino em Libras é muito importante para amenizar essas lacunas — analisa.

O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras, é referência no tema. Além de formar professores, a instituição oferece semestralmente um curso de Libras totalmente gratuito. Estruturado em cinco módulos, a capacitação tem duração de dois anos e meio. Voltada para toda a comunidade, é direcionada especialmente a familiares de crianças surdas, professores em formação ou em atuação na rede pública e profissionais de empresas públicas e privadas.

A psicóloga Lucila Lima realizou o curso de Libras do Ines entre 2013 e 2016. Ela conta que, até então, que nunca havia tido contato com o idioma.

— Para mim, a vivência foi muito interessante. O curso, além de apresentar a língua, fala sobre a cultura e a identidade surdas, dando um panorama mais amplo do usuário da língua de sinais — comenta Lucila.

Ana Carla Cássia é surda, formou-se em Pedagogia Bilíngue pelo INES e dá aulas de Libras desde 2014

Devido à grande procura, o processo seletivo para preenchimento das vagas é feito por meio de sorteio eletrônico. Quem já tem algum conhecimento em Libras pode realizar uma avaliação de nivelamento para tentar entrar em outros níveis.

As inscrições devem ser realizadas exclusivamente pela internet, no site do Ines ( www.ines.gov.br ), no dia 13 de fevereiro, das 11h às 20h. As aulas terão início no dia 12 de março e serão realizadas na sede do instituto, na Rua das Laranjeiras 232.

O projeto Libras na Casa Naara é outra oportunidade para aprender o idioma. A iniciativa é coordenada por Ana Carla Cássia, professora de Libras desde 2014, em parceria com a pedagoga Polyana Lourenço.

No local, são realizadas atividades diversas, além de curso. O próximo está previsto para começar no início de fevereiro, na Rua Teófilo Otoni 134, no Centro . O curso é voltado para pessoas ouvintes, que ainda não sabem libras e querem aprender por motivos pessoais ou profissionais. As aulas têm duração de dois meses e apresentam gramática, vocabulário e desenvoltura para dar mais segurança à comunicação com pessoas surdas.

—A capacitação visa a contribuir para a difusão das Libras, fomentar habilidades de comunicação com expressões corporais e faciais, e aproximar a comunidade surda da ouvinte — comenta Polyana.

Mais informações pelo e-mail: librasnacasanaara@gmail.com

O Senac é mais uma opção para aprender o idioma. A unidade de Copacabana está com turmas abertas para o início de maio. O curso é direcionado para pessoas com mais de 14 anos.

A unidade do Centro oferece uma oficina gratuita, com início em fevereiro. Para participar, o interessado deve ter ensino médio completo. As pré-inscrições são realizadas pelo formulário no link: bit.ly/2MepBTs. As vagas são limitadas.

Libras na saúde
Além da capacitação no idioma, a Casa Naara promove também rodas de conversa sobre cultura surda e o projeto “Protagonismo em Curso”. A primeira edição vai ocorrer em fevereiro e março de 2019 e traz o tema “Libras na Saúde”, com Sabrina Lage: surda, doula, educadora perinatal, consultora em amamentação e introdução alimentar; mãe da Catharina; criadora da plataforma online Mamãe Surda, sobre o mundo da maternidade e afins.

O curso é voltado para pessoas ouvintes ou surdas que queiram compreender mais sobre o campo da saúde e o acesso à informação sobre este tema dentro da Comunidade Surda. Além de apresentar vocabulário em Libras – sinais mais usados em ambiente hospitalar e não hospitalar – , vai conversar também sobre a legislação vigente, aspectos sobre os conceitos “comunidade surda” e “diversidade surda”, dinâmicas individuais e em grupo.

A atividade é voltada para pessoas ouvintes ou surdas interessadas no tema, doulas, consultoras em amamentação, enfermeiras, obstetras, técnicas em enfermagem, psicólogas, fonoaudiólogas, pediatras, nutricionistas, agentes comunitários da saúde, demais profissionais e intérpretes de libras que atuam no campo da saúde.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/cursos-de-libras-permitem-acessibilidade-surdos-ouvintes-23403009

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