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O Palco Sunset do Rock in Rio recebeu vários rappers neste sábado, de Papatinho e L7nnon a Racionais.

Mas quem conseguia despregar o olho do centro do palco durante as apresentações pode ter reparado em uma figura à esquerda, perto das caixas de som, que ajudava a transmitir o show a quem não podia ouvir as músicas. O intérprete Leo Castilho, de 34 anos, traduzia as canções não apenas com o auxílio de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), mas também através da dança. A prática ajuda a população surda a aproveitar com mais profundidade as apresentações musicais ao vivo.

— Pra trabalhar com essa pegada artística e visual, a gente precisa pensar muito a questão do corpo, porque é uma comunicação visual, também. Então a gente precisa entender o ritmo, a variação de notas musicais, e tentar fazer uma espécie de brincadeira. Não dá pra acompanhar sinal por sinal, porque fica até feio, né? É essa mistura de poesia e arte que a gente tenta fazer — disse o intérprete após o show de Criolo.

Leo, que é surdo, conversando com a equipe do GLOBO através de seu parceiro de trabalho Rafael da Mata. Segundo o intérprete, a colaboração com dos dois é vital:

— Ele ouve, passa os sinais, e eu não copio tudo que ele está dizendo, mas eu coloco ali uma questão cultural, da maneira como eu sinto já que ser surdo está na minha veia. É uma perspectiva minha que eu coloco na minha interpretação.

Exemplo positivo

Leo trabalha no Rock in Rio desde 2017, e diz que nota alguns avanços na área da acessibilidade a pessoas surdas em eventos, mas é preciso mais.

— A gente quer vivenciar essas questões na prática. Na área artística, [queremos] surdos artistas participando, se apresentando nesses espaços e divulgando isso em show, mostrando a língua de sinais e as pessoas surdas participando desses momentos.

O interprete acredita que seu trabalho ajuda nessa divulgação, mas o apoio da equipe é fundamental. Para que eventos alcancem novos públicos, é preciso haver membros desses públicos na organização, em sintonia com colegas com quem se tenha a intimidade necessária para desenvolver o trabalho.

— Esse acesso é muito importante. Eu sou uma pessoa surda e divulgo isso para outras pessoas surdas. Eles vêem a gente, vêem que a gente é capaz e que eles também podem. Às vezes as pessoas pensam que surdo não gosta de música. Como assim? Nós estamos aqui.

Fonte: Extra

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