Docente surdo enfrenta episódios de violência recorrentes na cidade
O professorLuiz Pereira de França Júnior, de 45 anos, que ministra a disciplina de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em Goiânia, foi encontrado desmaiado na rua 4 na madrugada da última segunda-feira (04). Surdo desde o nascimento, o docente é também professor da rede municipal de Aparecida e já lecionou em diversos outros lugares, incluindo o IFG.
Seu sobrinho, Luiz Neto, relata que a polícia suspeita inicialmente de roubo, mas este não é o primeiro episódio de violência que o professor enfrenta em Goiânia. Há alguns anos, ele passou por uma situação semelhante, sendo encontrado ensanguentado nas escadas de seu prédio.
Desta vez, o professor foi socorrido pelo SAMU às 04:29 e levado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) com traumatismo craniano. Luiz Neto informa que o tio foi brutalmente espancado e deixado na rua 04, enquanto seus documentos foram encontrados na marginal Botafogo.
O trauma anterior resultou em afundamento de crânio, afetando sua locomoção e coordenção motora, sendo necessário o uso contínuo de medicamentos. Surpreendentemente, mesmo após o ocorrido anterior, os agressores nunca foram identificados.
Desta vez, além da violência física, os criminosos levaram o cartão do professor, realizando compras nos dias seguintes. Luiz Neto afirma que conseguiram bloquear o cartão e informar a polícia, mas esta solicita o extrato das compras para dar continuidade às investigações.
A Prefeitura de São José dos Campos abre nesta quarta-feira (6) as inscrições de oficinais para surdos. Essa é mais uma iniciativa da campanha “Além da Voz, Além do Som” que visa conscientizar e sensibilizar a população sobre a surdez.
Ao todo, são 80 vagas distribuídas em quatro oficinas: Brigadeiro Gourmet, Canva e Redes Sociais (duas turmas), Elaboração de Currículo e Português para Surdos.
Com o objetivo de promover a inclusão e proporcionar oportunidades de aprendizado acessíveis, as oficinas estimulam a autonomia, o conhecimento e o desenvolvimento pessoal da comunidade surda.
As oficinas serão ministradas em Libras e acontecem nos dias 13, 14, 15 e 18 de dezembro no Cras Centro (Rua Machado Sidney, 145, no Jardim São Dimas).
Inscrição
Para se inscrever é necessário ser maior de 16 anos, possuir ensino médio completo ou cursando, ser morador de São José dos Campos e ter conhecimento em Libras.
Os interessados podem se inscrever pelo link até segunda-feira (11).
Além da Voz, Além do Som
Neste ano, a Prefeitura de São José dos Campos lançou a campanha “Além da Voz, Além do Som”, que incentiva atitudes inclusivas às pessoas surdas, pautadas pelo respeito e empatia.
A Prefeitura dispõe da Central de Libras, que funciona por meio de uma plataforma na internet acessada por QR Code, disponível em todos os locais da administração municipal que realiza atendimento ao público. A partir do acesso, um intérprete passa a intermediar, em libras, a conversa entre o servidor da Prefeitura e a pessoasurda ou deficiente auditiva.
Capacitação para tornar transporte mais acessível para a população ocorreu em dois dias e incluiu uma simulação com ônibus; veja relatos
Um grupo com 30 motoristas de linhas do transporte público de Campinas tiveram a oportunidade de aprender nesta quarta-feira, 29 de novembro, o alfabeto, numerais e vocabulário básico da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O treinamento, realizado na sede da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), na Vila Industrial, foi promovido pela empresa em parceria com a Secretaria Municipal de Transportes (Setransp) e o Centro de Apoio e Integração do Surdocego Múltiplo Deficiente (Cais).
Para demonstrar como os surdocegos se sentem ao usarem uma língua que ainda tem baixo alcance, a pedagoga especialista Cibele Lona, do Cais, surpreendeu os participantes ao iniciar o treinamento desta quarta com saudações em francês, inglês e italiano. Com a falta de compreensão de parte do público, ela explicou sobre a dificuldade de comunicação.
“O objetivo é melhorar e otimizar esta comunicação com o surdocego. Para receber dentro do ônibus, orientar, informar sobre o cartão e pontos de ônibus. Dar algumas referências básicas para que o motorista consiga entender o que ele está solicitando e atender a esta demanda”, explicou Cibele.
A dinâmica da capacitação incluiu surdocegos atendidos pelo Cais que, com intérpretes, atuaram como monitores de grupos de motoristas, conferindo se os sinais estavam sendo desempenhados da forma correta. Com 22 anos de experiência, o motorista Erandi Pereira da Silva, que costuma atuar na linha 121 (Terminal Ouro Verde), disse que a troca de experiências abriu a sua mente. “O mundo deles é totalmente diferente do nosso. É muito bom aprender e ter esta convivência, pois eles merecem”, avaliou.
Ao final da capacitação foi apresentado aos participantes o curta-metragem “Feeling through”, cujo enredo conta a história de um jovem que auxilia um surdocego em um ponto de ônibus. Emocionado por se identificar com o personagem do filme, Luiz Plantullo Neto compartilhou as dificuldades. “Às vezes, eu me sinto invisível com o caderninho pedindoajuda”, contou, através da interpretação de Cibele. “O surdocego aprende a escrever. Por que o escrevente não pode aprender um pouco de Libras?”, questionou.
Este foi o segundo encontro dos profissionais com a equipe do Cais. Em 22 de novembro, a turma esteve no Centro de Apoio e aprendeu a identificar e diferenciar as deficiências que afetam a visão, no módulo de “Orientação e mobilidade”, com a professora e orientadora de mobilidade Lilia Gonzaga Cardoso. Os surdocegos, por exemplo, usam uma bengala vermelha e branca. Pessoas com baixa visão utilizam bengalas verdes, e quem teve perda total de visão fica com bengalas brancas.
Para compreender a experiência das pessoas com surdocegueira no transporte público, os profissionais participaram de uma simulação com ônibus. Com a visão tampada, os profissionais acessaram o veículo e vivenciaram por um período os desafios enfrentados pelos usuários.
O treinamento foi oferecido aos motoristas de algumas das linhas mais utilizadas pelas pessoas atendidas pelo Cais. A previsão é de que o treinamento aos demais motoristas do transporte público municipal seja estendido gradativamente.
Ajustes na sinalização e transporte
O diálogo entre Emdec e Cais resultou, desde março, em uma série de intervenções necessárias à mobilidade segura das pessoas com deficiência (PCDs) que frequentam o Centro de Apoio.
Entre elas, a alteração de uma linha do transporte público. A 360 – Proença/Castelo teve o itinerário alterado em 1º de setembro para passar pela rua Lino Guedes, no Jardim Paulistano, em frente ao Cais. Três novos pontos por sentido também foram adotados, sendo um deles em frente à instituição, para facilitar o embarque e desembarque das pessoas assistidas.
Entre julho e agosto, a Emdec revitalizou toda a sinalização no entorno do Cais, após diagnóstico que incluiu o entendimento das necessidades e demandas das pessoas surdocegas. Foram implementadas medidas para reforçar a segurança viária, como a revitalização da sinalização horizontal e vertical do cruzamento entre as ruas Rosa Lopes e Lino Guedes, além da implantação de zebrados e tachões para induzir a redução de velocidade dos veículos que trafegam no local.
Sete rampas de acessibilidade com piso tátil foram instaladas nas imediações da instituição para facilitar o acesso dos assistidos pela instituição à praça Renê Pena Chaves e realização de atividades externas, que incentivam a autonomia. O investimento nas rampas foi de R$ 104.582,32.
Uma lombada foi implantada na rua Lino Guedes, na altura do número 390, o que permitiu a instalação de uma nova faixa de pedestres no local para facilitar o acesso à praça.
Na rua Rosa Lopes, duas vagas de estacionamento para PCDs foram revitalizadas, com a execução de rampa de acessibilidade. Também foram implantadas sinalizações de trânsito alertando os condutores sobre a presença e travessia de pessoas surdocegas, visando à conscientização; e reforçada a sinalização de regulamentação de velocidade de 30 km/h. Na rua Lino Guedes, perto da travessia de pedestres, a placa de advertência ainda está associada a um semáforo com amarelo piscante, destacando a necessidade de cautela no tráfego.
Outros cruzamentos tiveram a sinalização revitalizada: entre as ruas Rosa Lopes e Inspetor Joaquim Atensia; Lino Guedes e Serra dos Itatins; Lino Guedes e Bauru; no eixo da rua Lino Guedes, entre a avenida Princesa D’Oeste e rua Bauru; e no eixo da rua Rosa Lopes, entre as ruas Lino Guedes e Inspetor Joaquim Atensia.
As medidas estão em fase de monitoramento e, caso sejam identificadas novas necessidades, elas podem ser revisadas.
O clima natalino tomou conta de quem passava pelo hall do Centro Administrativo Municipal (CAM), em Água Fria, na manhã desta sexta-feira (01).
Alunos surdos e ouvintes das Escolas Municipais Ativas Integrais (EMAIs) Celso Monteiro Furtado e Leonel Brizola apresentaram quatro músicas natalinas na Língua Brasileira de Sinais (Libras). A apresentação foi acompanhada pela secretária de Educação e Cultura de João Pessoa, América Castro.
“A sensação é de muita alegria e também de um compromisso assumido em campanha pelo prefeito Cícero Lucena. Eu lembro muito bem que na campanha a gente falava muito da inclusão da rede e, graças a Deus, a gente conseguiu implantar duas escolas de referência para a Educação de Surdos. A gente olha a integração dos nossos estudantes ouvintes com os nossos estudantes surdos, ofertando também aulas de Libras para os nossos alunos ouvintes que estão evoluindo, adquirindo outra língua. Então, aí sim, a gente está promovendo a inclusão dentro das nossas escolas e os espaços estão sendo garantidos igualmente para todos”, disse emocionada a secretária América Castro.
Esse é o primeiro coral formado por alunos surdos na Rede Municipal de Ensino. São 25 alunos surdos e oito ouvintes. O tema da apresentação foi ‘Mãos que cantam e encantam’.
O coral encantou Renan Franklin Medeiros Gonçalves e Kaline Cristine Gonçalves Pereira, pais de Guilherme Rafael, aluno da EMAI Leonel Brizola.
“Primeiramente agradeço ao espaço e a força que a Prefeitura de João Pessoa, por meio da Secretaria de Educação, vemdando na luta de nós pais, para o desenvolvimento e independência dos nossos filhos surdos. As escolas da Rede Municipal de Ensino vêm avançando bastante e com esse projeto da Escola Integral a gente está vendo essa evolução e estamos muito felizes. O desenvolvimento que eles vêm adquirindo e, também, perante a sociedade aceitando a inclusão da pessoasurda. Aproveito o espaço, o momento natalino, para a gente ver os corações se enchendo de alegria e, cada vez mais, que a inclusão faça parte do nosso dia a dia”, disse Renan Franklin.
As quatro músicas apresentadas foram: Sino de Belém; É Natal; Natal todo dia; e Vem que tá chegando o Natal. Ao final de cada música o coral era aplaudido, em Libras.
Alegria para a aluna surda Eloah Moreira Santos, da EMAI Economista Celso Monteiro Furtado. “Foi muito bom. Eu me emocionei bastante, amei participar do coral. Eu estava mais ou menos tranquila porque passei a noite toda sonhando, querendocantar”, disse aluna com a ajuda de uma intérprete.
Todos os ensaios e a apresentação foi coordenado pela professora de Libras do Departamento de Educação Integral da Sedec, Rosângela Melo.
“A ideia surgiu quando a gente percebeu que o aluno surdofica um pouco fora desse momento, dessa vivência natalina, até mesmo dentro da família. Então, nós sentimos a necessidade, sentamos com os professores de Libras das escolas de referência, trouxemos a ideia, ensaiamos com eles e deu tudo certo. Para mim é um momento de muita emoção, de saber que o surdo está vivenciando esse mundo do natal, vivenciando as melodias natalinas que eles estão participando como protagonistas”, relatou Rosângela.
Projeto ainda será analisado por outras três comissões da Câmara
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 2273/23, que obriga a presença de intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em locais públicos destinados ao turismo.
Conforme o autor, deputado Murilo Galdino (Republicanos-PB), a ideia é promover a inclusão dos turistas deficientes auditivos, bem como seu acesso a todas as informações necessárias sobre os locais turísticos.
O relator, deputado Alfredinho (PT-SP), defendeu a iniciativa que, segundo ele, é “de fundamental importância para garantir o direito de acesso à cultura por parte desses cidadãos”.
Inspirado na experiência do Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), em Manaus, Alfredinho propôs emenda para a inclusão, nos roteiros turísticos, de instrumentos de tecnologia assistiva que utilizem Libras.
Tramitação
A proposta será analisada de forma conclusiva pelas comissões de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Mato Grosso do Sul terá participação nas Surdolimpíadas – Etapa Nacional (individual e duplas), tradicional evento da comunidade esportiva surda, que acontece nos dias2 e 3 de dezembro, em Londrina (PR).
A delegação tem apoio do Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer) e Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania).
Os representantes sul-mato-grossenses na competição, vinculados à FDSMS (Federação Desportiva dos Surdos de Mato Grosso do Sul), reuniram-se, nesta terça-feira (8), com o diretor-presidente da Fundesporte, Herculano Borges, e com o secretário da Setescc, Marcelo Ferreira Miranda.
O encontro também abrangeu temas como a dificuldade de inclusão em certas competições, programas do Governo do Estado voltados a pessoas com deficiência, como o MS Mais Acessível, além dos desafios encarados pelos surdos.
Na etapa nacional das Surdolimpíadas, a equipe sul-mato-grossense será chefiada por Adriano Gianotto e contará com oito atletas, dois técnicos e uma intérprete de Libras. Eles competirão em três modalidades: vôlei de praia (masculino), mountain bike (feminino e masculino) e boliche (masculino).
Mas um dos grandes desafios dessas pessoas é conseguir atendimento nos serviços públicos.
Pensando nisso, foi lançado em São Paulo um serviço que pode facilitar a comunicação de quem tem deficiência auditiva. Intérpretes entram no atendimento por videochamada e auxiliam na comunicação.
Na primeira etapa, quatro mil delegacias de São Paulo implantaram o sistema. Depois, o serviço deve ser ampliado para hospitais, Defensoria Pública e postos de vagas de emprego.
Edital para contratação imediata está em vigor sob críticas estudantis
A escassez de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) nos cursos da Universidade Federal de Juiz de Fora está sendo pauta de reivindicação dos estudantes de graduação em Letras e Letras-Libras. A mobilização começou depois de uma aluna surdaficar impossibilitada de acessar as aulas de uma disciplina por várias semanas consecutivas, dada a ausência de um intérprete. A atuação do profissional de Libras em espaços de ensino público é assegurada pela Lei 12.319 desde setembro de 2010.
Segundo um dos alunos da disciplina de Políticas Públicas do Curso de Letras-Libras, que não quis se identificar, a turma decidiu paralisar as aulas até que a aluna pudesse ter o direito de acesso igualitário. “Presenciamos repetidas vezes a colega chegar na sala e ser informada de que não havia intérprete, o que impede a apreensão do conteúdo. Ela mora em outra cidade e vem de ônibus, tinha que voltar para a condução e esperar até o fim do horário noturno para retornar a sua casa. É uma situação injusta na qual o direito de uma pessoasurda está sendo desrespeitado.”
As ações em prol da garantia de mais intérpretes para alunos surdos incluiu uma manifestação, que ocorreu na última semana, no prédio da Reitoria da UFJF, e foi organizada pelo Centro Acadêmico Murilo Mendes da Faculdade de Letras. Segundo uma das integrantes, que também optou pelo anonimato, há algumas semanas o corpo estudantil vem se mobilizando pela causa. “Recebemos a denúncia de que esse problema é recorrente em todos os semestres e em diversos cursos”, afirma.
Déficit
Conforme aponta a universitária, teria sido informado, em reunião com o Núcleo de Apoio e Inclusão (NAI) da UFJF, que o campus conta atualmente com 13 intérpretes, ao passo que a demanda existente apenas para o Curso de Letras-Libras seria de um total de 16 profissionais.
“Isto revela um problema de precarização e sistematização que muito nos preocupa. É preciso deixar claro que nossas colocações não são em ataque ao NAI, porque entendemos que essa é uma luta conjunta. Chamamos essas manifestações enquanto cidadãos que sabem os seus direitos e vêem que eles não estão sendo cumpridos na prática. Queremos buscar esclarecimentos e saber o que podemos fazer para que o problema não aconteça mais. Queremos entender as medidas que podem ser feitas de forma emergencial e a longo prazo”, pondera.
A Tribuna procurou o NAI e a UFJF. Em nota, a UFJF reiterou o compromisso com a acessibilidade para estudantes surdos ou com deficiência auditiva, reconhecendo a importância dessa inclusão no ambiente acadêmico. O comunicado também menciona o lançamento de editais anuais para a contratação temporária de profissionais técnicos especializados em Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Reforçamos que um novo edital está aberto para a contratação temporária para novos profissionais técnicos de Libras, com inscrições até 28 de novembro pelo e-mail [email protected]”.
Na visão do Centro Acadêmico, no entanto, o novo edital apresenta falhas. “As condições não são bem especificadas. Por exemplo, o início da atuação está para dezembro, mês em que muitos cursos estarão entrando de férias. O contrato estabelece que o profissional ganhará por hora trabalhada, ou seja, se durante janeiro não tiver reposição de aulas, o intérprete não saberá se trabalhará de fato e se vai receber ou não no fim do mês.”
O Centro Acadêmico também questiona o motivo de o edital não ter sido aberto com antecedência para evitar o agravamento do problema, além de alegar que a única opção que teria sido apontada como possível pelo NAI foi a da realização de contrato temporário de três meses. “Nos foi informado que não existe a função de intérprete substituto, sobrando uma ação emergencial de contratação de servidor terceirizado.”
Para o Centro Acadêmico, essa é uma reivindicação que deve ser de todos, a fim de garantir que o lema da inclusão e da diversidade no espaço acadêmico extrapole o discurso. “Quando um professor ouvinte tem que se afastar, todos os alunos não têm aula. Mas quando um intérprete não está presente na aula, que é o profissional que atua para que um aluno surdo tenha condição de exercer a atividade pedagógica, as pessoas ouvintes continuam tendo aula da mesma forma.”
Vídeo ensina palavras, expressões e frases que são usadas no âmbito da Justiça do Trabalho
Desde 2002, o Brasil reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão no país. No entanto, mesmo com a lei que determina o uso da Libras, as pessoas surdas ainda enfrentam diariamente diversas dificuldades para acessar serviços básicos do dia a dia.
É por isso que, anualmente, o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) oferta para magistrados(as), servidores(as) e terceirizados(as) o curso básico de Libras, que capacita o quadro funcional no contato direto com pessoas surdas que precisem de serviços trabalhistas. No entanto, além do contato inicial com as estruturas básicas da língua, o curso também conta, há dois anos, com a produção de um recurso muito importante: o Glossário de Termos Trabalhistas em Libras.
O glossário está na sua 3ª edição e ensina os sinais, em Libras, de palavras e frases mais usadas no âmbito da Justiça do Trabalho. A iniciativa está alinhada ao planejamento estratégico do TRT-8, bem como à Estratégia Nacional do Poder Judiciário, que traz os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos seus pilares.
O Glossário de Termos Trabalhistas em Libras do TRT-8 atende especialmente aos objetivos 8 e 10, relacionados à promoção do trabalho decente e a redução das desigualdades, promovendo então o acesso à Justiça e a efetivação do direito das pessoas com deficiência. Para conferir o glossário, basta acessar o canal do YouTube do TRT-8.
Neste ano, cerca de 25 servidores(as) e terceirizados(as) do quadro funcional do TRT-8 participaram do curso, que foi ofertado na modalidade híbrida, ou seja, com aulas presenciais e online. O curso teve duração de quatro meses, com início em maio e encerramento em setembro, e é uma realização da Escola de Capacitação e Aperfeiçoamento Itair Sá da Silva (Ecaiss) do TRT-8, em parceria com a Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão e a Coordenadoria de Relacionamento Institucional, Acessibilidade, Inclusão e Sustentabilidade.
Para a chefe da Seção de Capacitação de Servidores do TRT-8, Claudilena Puget da Fonseca, a proposta da Ecaiss é capacitar servidores e servidoras que têm contato direto com o público. “Nós não estamos formando a pessoa em Libras, mas sim para ter um contato inicial com o nosso público externo, saberdar uma informação”, explica.
A servidora Isabela Miranda Martins, assistente de secretaria na Vara do Trabalho de Altamira, foi uma das participantes e veio até a capital para participar da capacitação. “Vim pra Belém participar deste curso que pra mim é de extrema importância. O Tribunal precisava mesmo disso justamente para acolher mais ainda as pessoas. Nós recebemos inúmeras pessoas na Justiça do Trabalho para tirar dúvidas e nós precisamos saber como nos comunicar, ter essa receptividade e acessibilidade dentro do nosso Tribunal”, conta.
Duas professoras ministraram o curso básico de Libras: Adelma Cassia das Neves e Aline dos Santos Silva. A facilitadora Aline dos Santos Silva é não ouvinte, o que promoveu a troca de experiência real dos participantes com pessoas surdas.
Aline parabenizou e elogiou a oferta do curso pelo TRT-8. “Saber que pessoas ouvintes têm interesse em aprender Libras foi muito importante. Eu fiquei muito admirada vendo que os funcionários (as), os alunos (as) aprenderam de maneira bem fluente porque eles tiveram muito esforço. A acessibilidade dentro do Tribunal é muito importante para que haja comunicação”, finalizou.
O cargo de tradutor e intérprete de Libras foi criado pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários dos servidores da Alepi
O concurso público da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi)abriuvaga para o cargo de tradutor e intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). É a primeira vez que um concurso disponibiliza vaga para a profissão no Estado. O cargo foi criado pela Lei Nº 8.179/2023, que instituiu o Plano de Cargos, Carreiras e Salários do quadro de servidores da Alepi. O requisito para investidura é ter bacharelado em Letras-Libras ou licenciatura em Letras com pós-graduação na área.
O presidente da Assembleia, deputado estadual Franzé Silva (PT), destaca a necessidade de se incluir, nos órgãos públicos e no setor privado, os profissionais de Libras, e que o cargo foi criado após diálogo com entidades representantes da comunidade surda.
“Essa demanda chegou ao nosso mandato através da Associação de Profissionais Tradutores e Intérpretes de Línguas de Sinais e assumimos o compromisso de defender a comunidade surda no Piauí, com ações efetivas, que possibilitem sua inclusão social”, pontua Franzé.
“O cargo de tradutor e intérprete de Libras vai fortalecer nossa política de inclusão, possibilitando um acolhimento especial a essas pessoas na Assembleia Legislativa do Piauí. Essa e outras medidas que estamos implementando toram a Alepi mais inclusiva”, observa.
O presidente da Assembleia Legislativa é também autor do Projeto de Lei Nº 67, que cria o cargo efetivo de tradutor e intérprete de Libras no âmbito da Secretaria de Estado para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Piauí (Seid).O concurso da Alepi será realizado no dia 14 de janeiro de 2024.
A iniciativa, publicada no Diário Oficial da União, é uma experiência piloto para ampliar a acessibilidade no atendimento e poderá ser expandida a partir de fevereiro de 2024.
O serviço de Atendimento Remoto em Libras (AteliBr) precisa ser agendado pelos beneficiários nas agências Arapiraca e Tabuleiro do Martins, pelo Meu INSS (aplicativo ou site) ou pela Central de Atendimento 135) É necessário que o titular do CPF informado compareça à agência de Previdência Social no dia e hora informados, para acessar o serviço prestado pela Central de Atendimento em Libras (CAL), por videochamada.
O serviço é disponibilizado apenas para tratar de assunto relacionado ao beneficiário surdo ou com deficiência auditiva e tem duração de até 60 minutos, com tolerância de mais 15. Um colaborador será disponibilizado durante o atendimento para fazer a conexão da chamada, digitalização, o envio de documentos e a impressão de protocolos ou outro produto necessário.
A experiência piloto terá duração de 180 dias e passará por avaliação antes de ser implementada definitivamente. A partir de fevereiro de 2024, outras agências do país poderão participar da segunda etapa da experiência.
Atualmente, todas as agências do INSS estão preparadas para receber pessoas surdas, ou com deficiência auditiva, acompanhadas por intérprete ou tradutor de Libras. Em alguns locais também há servidores capacitados para atendimento presencial.
Serão disponibilizadas 09 (nove) bolsas. Inscrições estão abertas até dia29 de novembro.
A Universidade Federal de Alagoas (UFAL), através da Pró-reitoria Estudantil (PROEST) e da Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD), torna público este processo seletivo simplificado destinado a discentes de graduação da Ufal para atuar como Tradutores/as Intérpretes de Libras/Língua Portuguesa (TILSP) e/ou Guia-Intérpretes de Libras (GILs), visando ao desenvolvimento institucional e apoio acadêmico no tocante ao atendimento a discentes surdos/as ou surdocegos/as, conforme as normas e termos a seguir, para atuação nos Campi A.C.Simões, Arapiraca e Sertão.
Para o exercício das atividades, o/a bolsista selecionado/a e classificado/a como Bolsista, que possua vínculo com a graduação presencial da Ufal, receberá uma bolsa no valor de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais) até um período limite de 12 (doze) meses, com início do programa previsto para ocorrer no mês de dezembro de 2023, com possibilidade de prorrogação do vínculo de bolsista ao programa a depender de disponibilidade orçamentária.
Projeto de Lei nº 480/2023, de autoria da deputada Solange Almeida, institui diretrizes para a criação de escolas bilíngues Libras e língua portuguesa, na rede pública do Maranhão
O projeto diz que, para efeito desta lei, considera-se escolabilíngue em Libras e língua portuguesa aquela em que a Libras e a modalidade escrita da língua portuguesa sejam utilizadas como línguas de instrução no desenvolvimento de todo o processo educativo do aluno surdo.
De acordo com o projeto, serão observadas, na criação de escolas bilíngues, as seguintes diretrizes: promoção da identidade linguística e cultural da comunidade surda; garantia do ensino de Libras como primeira língua e de língua portuguesa, na modalidade escrita, como segunda língua; atendimento prioritário a aluno surdo, surdo-cego, filho de pais surdos ou surdos-cegos e familiar de surdo ou surdo-cego; garantia de adaptações, modificações e ajustes para o acesso do aluno ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia, observada a legislação vigente; e disponibilização de professores bilíngues.
Também serão observadas, de acordo com o projeto, as seguintes diretrizes: tradutores e intérpretes de Libras, guias-intérpretes e professores de Libras, prioritariamente surdos; disponibilização de equipamentos, recursos didáticos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação; gestão democrática, com a garantia de participação do aluno e de sua família no processo de tomada de decisão e no funcionamento das escolas de que trata esta lei, nos termos de regulamento; promoção do uso e difusão da Libras entre as famílias e a comunidade escolar; e respeito ao direito de opção da família ou do próprio aluno pela escolabilíngue, observada a legislação vigente.
Na justificativa do projeto, a deputada Solange Almeida lembra que a Constituição Federal prevê que o atendimento às pessoas com deficiência deve ocorrer preferencialmente na rede regular, assim como estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Além disso, na Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, é garantido que o poder público apoie o uso e a difusão das Libras de forma institucionalizada e, também, que este trate e atenda adequadamente os deficientes auditivos.
Garantia
A deputada Solange Almeida observa que está em vigor a Lei nº 11569 de 19/10/2002, que institui o Estatuto da Inclusão Social e Econômica das Pessoas com Deficiência do Estado do Maranhão, e que trata acerca da garantia do Estado em assegurar o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, prevendo e promovendo a oferta de serviços e recursos para o processo de escola bilingue de libras e português para a aprendizagem desses alunos.
“Todavia, é de amplo conhecimento que esse processo de adaptação das instituições de ensino regulares não tem obedecido o ritmo previsto ou cumprido com as expectativas levantadas para essa meta. Assim, com a finalidade de atender adequadamente as crianças, jovens e adultos surdos e surdo-cegos, no passo em que tais adaptações ainda não se consagraram, torna-se absolutamente pertinente a proposição deste nosso projeto”, afirma a deputada Solange Almeida.
Ela acrescenta que, nesse sentido, “as escolas estaduais bilíngues em libras, sendo ela a língua de comunicação e de instrução e o português segunda língua, qualquer aluno, independentemente de sua condição, sendo ou não surdo, poderá se matricular, assim como em qualquer outra escolabilíngue”.
Estão abertas as inscrições para a contratação temporária para Profissionais Técnicos Especializados em Linguagem de Sinais (Libras), de nível médio, para atuar no Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI). As inscrições podem ser feitas entre os dias22 e 28 de novembro, através do e-mail [email protected].
O edital divulgado pela Diretoria de Ações Afirmativas informa a abertura de seis vagas para tradutores e intérpretes de Libras, que atuarão na UFJF na condição de autônomos. O contrato terá uma duração máxima de três meses, com uma jornada de trabalho de 30 horas semanais.
Ainda de acordo com o edital, para se candidatarem às vagas, os interessados precisam ter no mínimo 18 anos e possuir formação de Ensino Médio concluída em instituição reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Além disso, é essencial que tenham competência e fluência em Libras, garantindo habilidade na interpretação entre as duas línguas: Libras e Portuguesa.
As etapas do processo serão divididas em três fases. A prova prática está marcada para o dia 29 de novembro, às 9h, na Sala de Defesas da Faculdade de Letras. A divulgação do resultado final está previsto para o dia 1º de dezembro no site do Núcleo de Apoio à Inclusão.
Professora da Rede Municipal de Ensino do Recife conta dificuldades na alfabetização de crianças surdas
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é um dos idiomas oficiais do Brasil, contudo ainda não há total inclusão da linguagem no sistema educacional do País. No levantamento feito em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% dos brasileiros são surdos, contando na época um percentual de cerca de 10 milhões de pessoas, das quais 2,7 milhões não escutavam nada.
Mãe de uma filha surda, Nélia Pinho é educadora para alunos surdos desde 2015 em Recife, quando a prefeitura da cidade, por meio Decreto Municipal nº 28.587/2015, instituiu as salas regulares bilíngues. Essas salas de aulas estão espalhadas por várias escolas polos, contemplando todo o ensino fundamental. A professoratrabalha na Escola Municipal Cristiano Cordeiro, localizada no bairro da Cohab.
Apostila sobre o sistema solar, que a professora afirma não ser pertinente para a alfabetização de seus alunos.
Nélia é responsável pelos sete alunos surdos que frequentam a sala bilíngue do primeiro ao quinto ano. Já toda a rede municipal de ensino conta com 173 alunos surdos nestas salas. Em outras cidades, como Paulista, há apenas 14 alunos em toda rede.
Os números apresentados são relativamente baixos, mesmo que se leve em consideração que um percentual desses alunos podem estar em salas de aulas para ouvintes com auxílio de intérpretes. “Desde quando eu estou aqui há oito anos, o número de alunos nem diminui e nem aumenta”, é o que aponta a professora, quando questionada sobre a pouca quantidade de estudantes na rede de ensino.
Em dados da pesquisa do IBGE de 2019, Recife tinha cerca de 1% da população de pessoas totalmente surdas e cerca de 0,5% de pessoas que utilizam algum tipo de aparelho auditivo. Totalizando, à época, cerca de 24 mil pessoas. Os baixos números de surdos no ensino, podem estar explicados aí, mas a professora Nélia Pinho discorda.
Um dos jogos adaptados pela educadora para usar expressões faciais na aprendizagem.
“Falta divulgação, tem muita gente que não conhece esse trabalho (salas bilíngues). E além de tudo tem também aquelas mães que são resistentes, aquela família que prefere que o aluno surdo esteja numa sala junto com os ouvintes, porque acredita que isso é inclusão, que acha que se eles estão numa sala separada eles não estão incluídos. Tem algumas pessoas que pensam assim. Mas eu acredito que a falta de divulgação é o principal foco”, afirma a educadora.
Outro assunto relevante quando se fala do ensino de Libras é a tecnologia, que vem sendo grande aliada da comunidade surda no acesso ao ensino. Como é o caso dos aparelhos auditivos. Aparelhos como celulares, tablets e computadores trazem facilidade no ensino da língua de sinais por mostrarem imagens, além de possuírem aplicativos destinados à comunidade.
A Secretaria de Educação do Recife explica que “Considerando a importância de ofertar materiais didáticos que garantam uma educaçãobilíngue de qualidade para os estudantes das salas regulares bilíngues para surdos, os estudantes receberam materiais pedagógicos em Libras. Os kits pedagógicos dessas salas são compostos por um caderno de atividades bilíngues de Libras e Português, catálogo Libras e os projetos GEOLIBRAS e Observando, Manipulando, Jogando e Aprendendo”.
Além disso, de acordo com a Secretaria, todos os estudantes com deficiência da Rede Municipal de Ensino receberam tablets com aplicativos que facilitam o processo de ensino-aprendizagem.
Contudo, a realidade nas salas de aulas bilíngue parece estar bem distante do que apresenta a Prefeitura do Recife. “Os meus alunos receberam (os tablets). Agora não é específico de sala bilíngue. Eles recebem de acordo com a série deles”, aponta a educadora.
Estante com materiais didáticos na sala bilíngue.
Além disso ela ainda relata que “Em relação às tecnologias, a gente tem o que a escola tem, se eu precisar de um data show a escola vai me servir, se eu precisar de um notebook, de um computador, a escola me serve sim, mas um específico para sala bilíngue, não temos ainda”.
Outro problema apontado por Nélia Pinho é a falta de treinamento específico com tecnologia para os professores e uma falha no diário online que fornece informações para os doentes. “No Diário Online não entra a disciplina de libras. Então, como é que eu posso preencher um diário online, onde entra português, matemática, ciência, história, geografia e não entra Libras?”, questiona.
Em sala de aula, a professora dispõe de quatro apostilas didáticas. Uma que mostra o alfabeto, outra que mostra os números, já uma terceira maior que as duas outras juntas fala sobre o sistema solar. Esse material didático segundo a educadora teria sido entregue ainda em 2022.
Ela ainda levanta a informação que o material didático distribuído pelo município não é adequado para os alunos surdos. E ainda que não existem livros didáticos. “Não tem livros, o que a gente tem é uma apostila que fugia da realidade do aluno. Recebemos uma apostila que falava do sistema solar, eu não usei porque não está adaptado para realidade deles”.
Os jogos didáticos também foram um problema apresentado pela professora. Segundo ela, os jogos enviados pela Secretaria de Educação não são adequados e não conseguem aprofundar o ensino dos alunos. Jnto com sua filha, a docente pensou em adaptações para os jogos funcionarem melhor com os estudantes surdos.
“Junto com a minha filha, que já é profissional, a gente criou alguns jogos. Ou seja, os jogos chegam e a gente faz adaptação para Libras. Porque os únicos jogos palpáveis que a gente recebeu aqui foram de alfabeto e de números. Mesmo assim, a quantidade de números é de um até dez e o alfabeto, pronto. Nada mais do que isso. Se tiver algum outro material aqui na sala, foi construído por nós (ela e a filha) ou foi comprado por mim”, conta a educadora sobre a falta de material didático.
A falta de adequação não está somente nos jogos e no material didático, as provas externas, como o Sistema de Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE), não vêm ajustadas para os estudantes surdos, sendo uma prova igual para todos os alunos da rede. Nesse sentido, a professora diz ser a intérprete dos alunos.
A educadora ainda cobra livros paradidáticos em Libras. “O que a gente tem aqui são comprados por mim. Aqui na sala tem Chapeuzinho Vermelhosurda, Cinderela surda, mas são meus. A prefeitura não mandou nenhum e a escola também não. Então, ou a gente compra para trabalhar melhor com eles, a questão da literatura, ou a gente vai fazendo adaptações. Acredito que a Libras não devia ser adaptações, porque o português nunca foi adaptação. Porque na Libras tem que ter? Aí vamos fazer a adaptação? Não, vamos criar em Libras”.
Aluna escreve em português uma frase passada em Libras pela professora.
“Os alunos quando chegam, a maioria deles são de família ouvintes. Eles não conhecem a Libras, eles chegam somente usando gestos, fazendo mímicas, e aqui, a primeira coisa que a gente vai fazer é ensinar Libras”. É o que diz Nélia Pinho sobre a alfabetização em Libras dos alunos surdos.
Segundo a educadora, um de seus alunos já se encontra alfabetizado e deve migrar para uma nova escola polo no próximo ano. De acordo com Nelia, a criança chegou na Escola Municipal Cristiano Cordeiro há cerca de dois anos e já está completamente alfabetizada e tendo o português como segunda língua.
Nélia Pinho reforça que a feição da criança mudou no processo de alfabetização em Libras, que antes ela era cabisbaixa e agora é feliz. “Você gosta da sala de língua?”, perguntou a professora para sua aluna em sinal de Libras. “Aprendi a ler”, essa foi a resposta dela em linguagem de sinais. “Hoje você se sente feliz ou triste?”, segue o diálogo da educadora com a criança. “Feliz!”, responde a estudante.
O poder da comunicação foi o motivo da mudança da criança, é o que aponta a educadora. “Aqui que eles estão incluídos, os que estão nas salas de ouvintes, se não tiver uma intérprete de língua, vocês não estão incluídos. A inclusão é na sala de bilíngue”, afirma a professora a respeito da inclusão dos alunos e de sua importância no processo de ensino.
Se sentir bem é um aspecto importante do processo de aprendizagem para esses alunos. “A diferença é estar fazendo parte e ser incluído. Aqui eles são incluídos entre eles e comigo. A gente se relaciona bem e a gente se entende”, conclui a professora.
Você já ouviufalar em poesia surda? Provavelmente não, né? Mas, se quiser conhecer, terá a oportunidade de participar de um sarau de poesia surda nesta sexta-feira, 24, na Pinacoteca do Estado, em Natal, a partir das 18h.
O evento é aberto a todos os públicos e, de quebra, você ainda poderá visitar uma exposição fotográfica com trabalhos produzidos por participantes de oficinas do Projeto “Narrativas do Silêncio”.
Exposição
Com o tema “Objetos do Cotidiano”, a exposição reúne uma mostra dos trabalhos produzidos por 38 participantes das oficinas de fotografia realizadas em Natal e Parnamirim, durante os meses de abril e maio. Nesta quinta edição de “Narrativas do Silêncio”, o gênero desenvolvido foi o “still” ou fotografia de objetos. Muito voltada para a área publicitária, a chamada fotografia “still” exige grande sensibilidade para elaborar imagens capazes de retratar objetos inanimados de forma fiel e ao mesmo tempo atraente.
Para o fotógrafo e designer José Aglio, um dos idealizadores do projeto, o resultado das oficinas de fotografia é sempre surpreendente. “Por mais que saibamos que a tendência da pessoasurda seja a de desenvolver os outros sentidos, especialmente a visão, mesmo os trabalhos produzidos por pessoas com pouca ou nenhuma experiência sempre chamam a atenção pela capacidade de captar detalhes que passariam despercebidos por outras pessoas”.
Sarau
Atividade cuja realização foi proposta ao final da pioneira oficina de poesia surda, o Sarau “Girassol” é a primeira manifestação coletiva da comunidade alcançada pelo projeto utilizando essa linguagem. Voltado para surdos e ouvintes, o evento homenageia o professor de Letras Libras da UFRN, Michel Freire Marques, falecido neste ano. Segundo a produtora cultural Fábia Fernandes, outra idealizadora do projeto, “Michel também lecionava as disciplinas de Literatura Surda e Língua, Cultura e Identidade Surda, sendo que o girassol era a sua flor preferida”.
Durante a oficina de poesia ministrada no mês de agosto pela atriz, poeta, narradora, slammer e VV (visual vernacular), Tamara Silva, a metodologia adotada apoiou-se na utilização de sinais e de classificadores em Libras, modulados ou reconfigurados pelo uso da expressão facial e de movimentos corporais. É com a utilização articulada desses recursos que os participantes do Sarau “Girassol” buscarão expressar-se poeticamente, tornando os conteúdos autorais produzidos mais acessíveis a todos os públicos.
Apoio
“Narrativas do Silêncio” é um projeto que proporciona acessibilidade cultural às pessoas surdas. Lançado em 2015, com atividades suspensas durante o período da pandemia da COVID-19, “Narrativas do Silêncio” chega à sua quinta edição que deverá ser encerrada em dezembro com a apresentação de um espetáculo teatral bilíngue. Para a temporada 2023, o Projeto conta com os patrocínios do Governo do Estado do RN e da Ster Bom viabilizados pela Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura.
O Ministério Público do Tocantins (MPTO) obteve na Justiça na sexta-feira, 17, uma liminar para garantir que o Estado do Tocantins providencie a uma mulher gestante, com deficiência auditiva, moradora de Gurupi, a realização de exame para avaliar o coração do feto em Palmas.
A decisão também determina que a paciente tenha uma intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para acompanhá-la durante o exame e o parto até que ela e o bebê recebam alta hospitalar.
A decisão judicial foi tomada com base em uma Ação Civil Pública (ACP) proposta no último dia 10 pelo promotor de Justiça Marcelo Lima Nunes, titular da 6ª Promotoria de Justiça de Gurupi.
Conforme a ação, o exame ecocardiograma fetal é parte imprescindível para a realização de acompanhamento de pré-natal para gestantes de alto risco, como é o caso da paciente, que já teve um aborto espontâneo em gravidez anterior.
Com a realização do exame pelo Serviço de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Dona Regina, em Palmas, os médicos poderão avaliar o risco cardíaco do bebê e, assim, definir quais medidas serão tomadas, ainda durante a gestação, para garantir a saúde do bebê e da mãe.
A liminar estabeleceu o prazo de cinco dias para realização do exame. Em caso de descumprimento, será aplicada multa diária de mil reais em face do secretário de Saúde do Estado do Tocantins e da secretária de Saúde do Município de Gurupi.
Em maio deste ano, o MPTO obteve na Justiça decisão que determina que o município de Gurupi deve garantir intérprete de Libras durante atendimento de saúde, via Sistema Único de Saúde (SUS), a pessoas surdas ou com deficiência auditiva. A Ação Civil Pública (ACP) também foi ajuizada pelo promotor de Justiça Marcelo Lima Nunes.
Apresentação única no dia28 de novembro, às 20h, com entrada gratuita, tradução em Libras e audiodescrição.
A tragicomédia de nossos primeiros dramas pessoais. Uma experimentação cênica de Dora de Assis, com direção de Débora Lamm. Com Carmen Frenzel, Cláudia Ventura, Dora de Assis, Dora Freind, Julia Moraes e Luiza Loroza. Com uso de interferências sonoras, apresentação é pensada também para pessoas cegas.
No dia28 de novembro, o Teatro Prudential, na Glória, apresenta “Ponto Zero”, uma experimentação cênica de Dora de Assis. Com densidade e humor, a encenação fala das agruras e aventuras de crescer no século XXI. É a primeira experiência da jovem atriz e poeta, de 26 anos, como dramaturga.
na foto, mulher jovem branca em cena, com a mão no colo. É a jovem dramaturga Dora de Assis
Com direção de Débora Lamm, seis atrizes de diferentes idades se dividem no palco, dando vida a conflitos de gerações, temperados com um fino e lúcido humor. Além da própria autora, estão em cena Carmen Frenzel (Grelo Falante), Cláudia Ventura (a Iolanda de “Amor Perfeito”), Dora Freind (As Polacas), Julia Morais e Luiza Loroza (a Cristal de “Vai na fé”).
Em uma combinação inusitada de leveza e intensidade, “Ponto Zero” traz situações do cotidiano, falando sobre vida, família e as dores e descobertas da infância e adolescência.
O espetáculo terá apresentação única no dia28 de novembro, às 20h, com entrada franca e tradução em libras, além de audiodescrição. Utilizando interferências sonoras e intenção vocal, o projeto é voltado também para pessoas cegas, visto que a apresentação é de pouca movimentação e experimentação visual.
Dora de Assis tem 26 anos, é formada em Artes Visuais pela UERJ e faz a